Você sabe como surgiu o Círio de Nazaré?

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Como surgiu o Círio de Nazaré


O Achado da Imagem:

Há diversas versões para o início da devoção por Nossa Senhora de Nazaré em Belém. Pesquisadores descrevem fatos quem tentam explicar a origem, embasados em documentos ou nas narrativas apresentadas ao longo da história.

Ainda em 1653, os Jesuítas iniciam a devoção a Nossa Senhora de Nazaré na localidade de Vigia de Nazaré, no Pará. Apesar da origem ser atribuída àquele local, o Círio enquanto romaria foi instituído somente a partir da metade do século XIX, vários anos após o de Belém.

Na capital Paraense, Dom Frei João Evangelista, quinto bispo do Pará (1772 a 1782), que pertencia à Terceira Ordem Regular de São Francisco, transcreve em um manuscrito, atribuído ao Convento de Santo Antônio dos Capuchos, em Portugal, sua conversa com Plácido José de Souza, sobre como teria sido encontrada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em 1700. O Prelado visitou a ermida de Plácido logo após sua chegada a Belém.

Plácido imaginou que a imagem poderia ser de algum peregrino em viagem para o Maranhão, já que os viajantes paravam ali para beber água. Também poderia ser de algum cristão que, surpreendido pelos índígenas, fugira ou morrera sem poder abrigar a estatueta.

A choupana de Plácido, próxima ao ponto de água, era bastante procurada como pousada na estrada do Maranhão e por isso muitas pessoas conheciam a imagem, que começou a receber ceras e outros donativos. Ele lamentava não ter recursos para preparar um oratório mais decente, mas, de acordo com o relato de Dom Frei João Evangelista: “O coração do humilde era o melhor abrigo para a Rainha dos Céus”.

O “milagre do retorno”

Relatos apontam que Plácido encontrara a imagem em uma bifurcação de um taperebazeiro (árvore do taperebá) e outros de que seria em uma espécie de nicho natural em meio a trepadeiras. E que, após achar a imagem, que estaria com um manto, percebeu costurado na parte interna um papel onde se lia “Nossa Senhora de Nazaré do Desterro”. Ele a levara para sua casa e a colocara em um pequeno altar de miriti, onde estavam um crucifixo e outras imagens de santos de sua devoção. No dia seguinte, a imagem teria sumido. Ao retornar ao local do achado, percebeu que ela se encontrava no mesmo lugar do dia anterior. O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que fosse levada para o Palácio do Governo, para o Paço Episcopal e à recém-erguida Catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada no mesmo local.


Por conta dos desaparecimentos, Plácido teria entendido que a imagem deveria ficar no local onde fora encontrada e ali construiu uma ermida para abrigá-la. O local do achado é onde hoje se encontra a majestosa Basílica Santuário.

O chamado milagre da “fuga da imagem” é tido como um prodígio que indica que o lugar teria sido escolhido por Deus para que ali a fé de seus filhos fosse manifestada. Ainda hoje a graça do Pai se manifesta por meio da intercessão da Vigem Santíssima, que acolhe seus filhos para celebrar, louvar, bendizer e suplicar ao Senhor.

A imagem é em si a memória e representação da Mãe que, trazendo o Filho amado nos braços, acolhe toda a humanidade N’Ele simbolizada. A doutrina Católica ensina que não são as imagens que fazem milagres, mas sim Deus Trino, que por intercessão de Maria, que nos antecede no Reino Celeste, realiza o impossível.

Ao longo da história incontáveis são os relatos de graças alcançadas por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré aos que acorrem ao templo dedicado à Rainha da Amazônia, comprovando que se trata de um lugar abençoado e consagrado a Deus, onde seu poder se manifesta de maneira inigualável.


Origem da Imagem

A verdadeira origem da imagem é desconhecida, supondo-se que seja de Portugal, visto que à época não haveriam “santeiros” habilitados para a elaboração desta espécie de escultura em Vigia de Nazaré, local onde a devoção foi primeiramente implantada pelos colonizadores. A estatueta possivelmente teria sido trazida pelos missionários Jesuítas, responsáveis pela difusão da devoção por este título mariano em outros locais no território amazônico. A maioria dos pesquisadores contesta a versão de que a imagem teria sido transportada por terra da localidade de Vigia pelo fato de que o caminho era perigoso por conta da presença de povos arredios ao longo do seu curso, fazendo com que só fosse possível a comunicação com Belém pelos rios.


A devoção se intensifica

Com o passar do tempo, a primeira ermida erguida por Plácido já não comportava mais tantos devotos e assim, foram construídas mais duas ermidas e a matriz, sucessivamente, antes do majestoso templo como o temos hoje.

Ao redor da ermida de Plácido foi aberta uma clareira em meio à mata e, ao longo do tempo, foi ocupada por moradores e comerciantes, aproveitando-se do grande fluxo de romeiros que visitavam o lugar que passou a ser chamado de “Arraial de Nazaré”. O movimento de romeiros era maior nos períodos de históricas epidemias que atingiam Belém.

Por volta de 1773, Plácido iniciou a construção da segunda ermida, mas falecera antes que as obras fossem terminadas, confiando a tarefa ao amigo Antônio Agostinho, que também ficou responsável pela guarda da imagem. Era uma capelinha de taipa caiada por dentro e por fora. Maior que a primeira, coberta de palha e com um altar de madeira. Nas paredes laterais foram colocados cabides para receber os objetos de pagamento de promessas.

Em fevereiro de 1773, Dom Frei João Evangelista Pereira visitou o Arraial e resolveu enviar a imagem a Portugal para que fosse reformada. Além disso solicitou à Rainha, Dona Maria I, e ao Papa Pio VI a licença oficial para a realização de uma festividade em honra de Nossa Senhora de Nazaré. O prelado esperava que as obras da ermida já estivessem concluídas quando da volta da imagem.

A imagem retornou a Belém no quarto domingo de outubro de 1774. Atendendo ao convite do bispo, a população e as irmandades compareceram ao porto, de onde uma procissão seguiu até a ermida. Já era noite e a caminhada aconteceu sob o luar, em meio à floresta.


O primeiro Círio

Dom Frei João Evangelista faleceu antes que a resposta quanto à realização da festividade fosse concedida. Seu sucessor, Dom Frei Caetano Brandão, reiterou o pedido em 1788. O despacho favorável do Pontífice aconteceu em 1790, mas a notícia chegou apenas dois anos depois, em um período de vacância no episcopado de Belém.

Em 1792, o então capitão geral do Rio Negro e Grão-Pará, Francisco de Souza Coutinho, visitou o arraial no mês de outubro e ficou impressionado com a movimentação dos devotos e também aderiu à devoção, resolvendo dar maior importância ao local, atraindo para Belém a atenção de toda a Província.

Após a autorização para a realização da festa, o capitão planejou organizar uma grande feira com produtos agrícolas oriundos das várias regiões da Capitania, marcada para iniciar no dia 8 de setembro de 1793. Cada vila ou cidade precisaria contribuir com a exposição, havendo condução gratuita até Belém, com embarcações saindo de diversas localidades. Alguns navios trariam inclusive indígenas de várias etnias.

Foram três meses de intensa preparação. Entretanto, no final do mês de junho, o capitão adoeceu e ficou receoso de não poder inaugurar a feira, prometendo que se ficasse curado iria mandar buscar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré ao Palácio e na capela seria celebrada uma missa, presidida pelo capelão, Padre José Ruiz de Moura, e em seguida levaria a imagem em um palanquim até a ermida, acompanhada pelo povo.

A graça foi alcançada e o capitão cumpriu sua promessa, com a celebração da missa e a realização de uma grande procissão, no dia 8 de setembro de 1793, sendo considerada como o primeiro Círio.

Á frente do cortejo seguiu a cavalaria e a imagem foi levada pelo capelão em um palanquim azul, ladeada pela guarda nobre. Estavam presentes o próprio capitão, o Cabido Diocesano, os vereadores da Câmara, todos os integrantes das Casas Civil e Militar e uma multidão de devotos, entre brancos, indígenas e negros que estima-se entre 5 e 10 mil pessoas. Na chegada à ermida foi celebrada outra missa e após foi concedida a bênção da pedra fundamental para a construção da terceira ermida, construída com pedras e cal.

Por toda a semana foram realizadas ladainhas na ermida e a feira no arraial. O governador compareceu todas as noites para apreciar as barracas de palha que vendiam os produtos regionais, entre frutas, animais vivos, carnes de caça, peixes, comidas típicas e utensílios diversos.



Fonte: https://www.ciriodenazare.com.br/  (Site oficial)

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